Dentre filmes contemporâneos, poucos gêneros me estimulam menos em suas safras recentes como os que lidam com elementos fantásticos, especialmente o horror. Adoro os de terror mais antigos, mesmo os de segunda ou terceira linha guardam algo de especial, incluindo aí os que poderiam ser chamados de genéricos. Acontece que, não sei bem quando isto começou, o genérico se tornou o padrão, e o padrão elevado de décadas anteriores simplesmente não existe mais no terror (certamente vamos encontrar grandes ou excepcionais filmes em gêneros diversos nos últimos vinte anos, porém escassos são os que podemos citar nos de terror).
Os mais populares e apreciados por uma crítica especializada ou a crítica que podemos dizer da preferência de cada um, mantém um hype através de uma lógica parecida com que há tempos encontramos nos filmes pensados para concorrerem em festivais, cujas curadorias incluem filmes visivelmente ruins ou tediosos para que perto deles os médios ou que no fundo não possuem nada demais pareçam melhores do que realmente são. Essa lógica perversa existe também nos de terror atuais, o que contribuiu para que, ao meu gosto, tenha se perdido um prazer tão antigo quanto o de se deliciar sem culpa com um exemplar bem menor no gênero fantástico.
Dito isto, temos uma impressão enganosa de terror a partir do cartaz do francês Os cinco diabos (Les cinc diables, 2022), lançado nos cinemas brasileiros em 30 de março, e cujo título se refere ao nome do centro esportivo no qual a história transcorre em parte. Além de elementos fantásticos que conferem um toque de horror em seu suspense com sugestão do sobrenatural. Vicky, a garotinha de oito anos, é uma espécie de Carrie, a estranha, em miniatura, que exerce misteriosa influência na família e aldeia, com o seu olfato aguçado, e capaz de aprisionar qualquer cheiro e os guardar em frascos os quais identifica com uma etiqueta. Uma espécie de coleção particularíssima.
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